sábado, 5 de junho de 2010

Como desenvolver a competência em uma organização

COMPETÊNCIAS E APRENDIZAGEM

Para responder a esta questão é necessário percorrer o caminho que vai da aprendizagem individual, para a aprendizagem em grupo, para aprendizagem na organização.
Iniciando com o indivíduo, a questão que se coloca é: como eu aprendo?
Esta questão aparentemente simples implica uma viagem interior, que recupera
momentos em que o conhecimento se mistura com a emoção, sinalizando
situações positivas e situações tensas e angustiantes.
A aprendizagem é um processo neural complexo, que leva à construção de
memórias. Aquilo que se aprende e depois se esquece é como se nunca tivesse
acontecido; o conjunto de coisas de que nos lembramos constitui a nossa
identidade. Como o coloca Izaquierdo (1997), o indivíduo é exatamente só
aquilo de que se lembra; eu sou quem sou porque me lembro de quem sou,
porque sei quem sou. Se não nos lembrássemos de nada, não seríamos alguém;
por isso é tão trágica a fase final da doença de Alzheimer, ou a ignorância do
próprio eu.
Aprendo lendo, aprendo ouvindo, aprendo errando, aprendo na prática, aprendo
vivenciando a situação na minha cabeça, aprendo observando os outros. Inúmeras
são as formas de aprender e cada pessoa se vê única nesse processo.
Cada espécie animal utiliza mais determinado tipo de percepção para aprender;
o ser humano é predominantemente visual e verbal, utilizando aquilo que Pavlov
denominou o verbal ou simbólico, de preferência aos demais. A memória visual humana é maior que a auditiva, e a memória verbalvisual é maior que a oral. A quantidade de informações que pode ser adquirida na aprendizagem verbal-visual é maior do que a que pode ser retida pela comunicação oral. Um exemplo são as línguas transmitidas oralmente e que desaparecem, enquanto as línguas transmitidas pela escrita e leitura sobrevivem.
As emoções e os afetos regulam o aprendizado e a formação de memórias. As
pessoas se lembram melhor daquilo que lhes despertou sentimentos positivos do
que daquilo que lhes despertou sentimentos negativos e se lembram mal daquilo
que as deixou indiferentes. As emoções contribuem fortemente na motivação
para a pessoa aprender; parecem dar cor e sabor ao que aprende.
Aprendizagem pode ser assim pensada como um processo de mudança, provocado
por estímulos diversos, mediado por emoções, que pode vir ou não a manifestar-
se em mudança no comportamento da pessoa.
Os psicólogos enfatizam a necessidade de distinguir entre o processo de aprendizagem,
que ocorre dentro do organismo da pessoa que aprende, e as respostas emitidas por esta pessoa, as quais podem ser observáveis e mensuráveis. Duas vertentes teóricas sustentam os principais modelos de aprendizagem: o modelo behaviorista e o modelo cognitivista.
. Modelo behaviorista: seu foco principal é o comportamento, pois este é observável
e mensurável; partindo do princípio de que a análise do comportamento
significa o estudo das relações entre eventos estimuladores e as respostas,
planejar o processo de aprendizagem implica estruturar este processo em termos
passíveis de observação, mensuração e réplica científica.
. Modelo cognitivo: pretende ser um modelo mais abrangente do que o behaviorista,
explicando melhor os fenômenos mais complexos, como a aprendizagem
de conceitos e a solução de problemas; procura utilizar tanto dados objetivos e
comportamentais, como dados subjetivos, levando em consideração as crenças
e percepções do indivíduo que influenciam seu processo de apreensão da
realidade.
A teoria da Gestalt, precursora do cognitivismo, pesquisa o processo de aprendizagem
por insights.
As discussões sobre aprendizagem dos indivíduos em organizações se enraízam
mais fortemente na perspectiva cognitivista, enfatizando porém as mudanças
comportamentais observáveis.

→ http://www.anpad.org.br/rac/vol_05/dwn/rac-v5-edesp-mtf.pdf

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